A menopausa é um problema sério, enfrentado pelas mulheres no seu pico profissional, mas que até hoje é um assunto jogado para debaixo do tapete dos escritórios

menopausa não é doença
Menopausa não é uma doença, mas uma fase normal da vida das mulheres.
De uma forma ou de outra, todas as que chegam à faixa dos 50 anos vão passar por ela, com mais ou menos intensidade nos sintomas incômodos.
É fato que ondas de calor, fadiga, alterações de humor e confusão mental não afetam apenas a vida pessoal, mas também as carreiras das mulheres. Nove em cada dez dizem que a menopausa teve impacto negativo no trabalho, nos relacionamentos e na saúde mental.
A pesquisa, feita na Inglaterra com 1.132 mulheres pelo site The Menopause Doctor, também descobriu que três em cada dez entrevistadas consideraram largar completamente o emprego por não conseguirem administrar os sintomas no trabalho.
Gestrinona e menopausa no pico profissional
É um problema sério, enfrentado pelas mulheres no seu pico profissional – na média, a menopausa acontece aos 51 anos -, mas que até hoje é um assunto jogado para debaixo do tapete dos escritórios.
Adota-se a postura de não falar sobre menopausa – como se, ao não reconhecer os sintomas e nem levá-los a sério, eles deixassem de existir. E isso não ocorre apenas no Brasil.
As mulheres “não se sentem confortáveis em discutir os sintomas”, escrevem os autores do relatório Menopause and the workplace, e acabam se prejudicando ou tomando decisões precipitadas.
Uma amiga, que é uma mulher competente com uma carreira de sucesso, me disse que, quando estava chegando perto dos 50, as coisas começaram a desandar no trabalho, com queda de performance e de satisfação.
Como não percebeu que estava entrando na menopausa – e, portanto, não procurou tratamento -, começou a duvidar da própria capacidade de entrega. Sua situação se complicou tanto que ela acabou deixando o emprego.
Gestrinona e menopausa – desinformação sobre a reposição hormonal
Para complicar ainda mais, há grande desinformação sobre a reposição hormonal e médicos que resistem em indicar o tratamento.
A endocrinologista Dolores Pardini, chefe do Ambulatório de Climatério e Menopausa da Disciplina de Endocrinologia da UNIFESP, quando entrevistada no podcast Mulheres de 50, não deixou dúvidas: os hormônios devem ser administrados em todas as mulheres que não têm contraindicação.
E não é apenas para aplacar os insuportáveis calorões, mas para prevenir outras consequências da idade, como a perda óssea, que leva à osteoporose. É, como eu comprovei por experiência própria, uma questão de saúde e de qualidade de vida.
Quando ainda não estava medicada, eu vivia cansada porque não dormia, meu marido sofreu horrores com o mau humor sem-fim e, no trabalho, sentia vergonha das reuniões em que o suor gotejava pelo rosto.
a mudança nas empresas
Nas empresas, há sinais ainda tênues de que o tema pode deixar de ser tabu.
A gigante britânica Diageo, dona de marcas como Johnnie Walker, Buchanan’s e Smirnoff, informou em junho que estava colocando à disposição de seus funcionários em 180 países o aplicativo Balance+, desenvolvido pela médica Louise Newson, especialista em menopausa.
O app reúne conteúdo científico para ajudar as funcionárias a cuidar de sua saúde mental, física e sexual, além da nutrição, sono, cabelo e pele.
Ao mesmo tempo, a Diageo treinou um grupo de 40 homens e mulheres de vários países para levar conhecimento e aumentar a conscientização das equipes locais.
Como disse Caroline Rhodes, diretora de Inclusão e Diversidade Global da Diageo, o aplicativo “equipará os funcionários com aconselhamento médico, suporte e diagnóstico de ponta, enquanto nos ajuda a criar um ambiente mais inclusivo e solidário para nosso pessoal”.
Fonte: Época Negócios
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